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Os desafios do empreendedorismo feminino em tempos de pandemia

19 novembro, 2020

O protagonismo feminino no mundo empresarial é um movimento crescente, que impacta a economia positivamente. Em meio à pandemia, esse cenário foi ampliado, visto que muitas pessoas perderam seus empregos e se viram obrigadas a empreenderem para o sustento da família, ou até mesmo, a anteciparem sonhos. Sempre estimulando seus alunos a abrirem seus próprios negócios, a Faculdade Senac tem o empreendedorismo como pilar essencial em seus cursos. No Dia do Empreendedorismo Feminino – 19 de novembro, é de suma importância discutir e valorizar o tema para que mais mulheres tenham a iniciativa de abrir suas empresas.

Criada em 19 de novembro de 2014, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data visa incentivar a abertura de empreendimentos femininos, a fim de impulsionar o crescimento econômico, o desenvolvimento sustentável e diminuir as desigualdades de gênero. Docente da disciplina de Gestão e Empreendedorismo, na graduação de Design de Moda, Michelle Pinheiro ressalta que, de maneira geral, a Faculdade Senac tem a vocação de estimular o empreendedorismo em seus cursos. “Os nossos alunos são motivados a terem suas próprias empresas, inclusive, aprendem a fazer planos de negócios”, aponta.

Empreendedora de moda autoral, a ex-aluna do curso de Design de Moda, Cláudia Renda, abriu sua loja, a Vivayê, há quatro anos, e diz que ser empreendedora e mulher é um grande desafio por conta da herança cultural e social. “Nós mulheres fomos acostumadas a acreditar que não somos capazes de realizar nossos sonhos. E, quando realizamos, não nos damos os créditos devidos. Empreender não é um caminho fácil, pois somos responsáveis pelos nossos resultados”.

Cláudia ressalta que a Faculdade Senac é uma instituição de ensino superior muito prática, onde o aluno coloca a mão na massa. “Concluímos projetos e ganhamos muita experiência, o que nos prepara para o mercado. Os professores são muito aptos pra dar assistência em termos de negócios para o aluno que quer empreender”. Com relação a este período de incertezas da pandemia, Cláudia explica que, o que era pra ser crise, mostrou-se como um cenário de oportunidades, pois as pessoas continuaram consumindo moda pela internet. “Isso fez com que eu e minha sócia Beatriz Beltrão antecipássemos o que já pretendíamos fazer há algum tempo: fazer um canal de vendas on-line”.

A aluna da pós-graduação em Confeitaria, Elisabeth Dias, vai realizar o sonho de empreender seu próprio negócioNovos caminhos – Quem também viu oportunidade foi a ex-aluna do curso de Gastronomia e atual estudante da pós-graduação em Confeitaria, Maria Elisabeth Dias. Ela começou a fazer bolos e salgados em casa e, assim, surgiu a “Sabor de Beth”, produzindo e vendendo de maneira informal, como Microempreendedora Individual (MEI). Ela diz que a Faculdade Senac lhe mostrou como trilhar o caminho do empreendedorismo, pois entre tantos aprendizados, essa era uma das fortes abordagens do curso. “Só faltava o dinheiro. Numa época dessas, quem iria se meter em dívidas por um sonho? Mas eu acredito em milagres e o meu aconteceu. Após o dono de um espaço degustar meus produtos, fui convidada para abrir um café na entrada do local, onde já funciona o restaurante e uma casa de show. Na hora, perdi a voz, gaguejei, fiquei nervosa. Mas adivinhem? É claro que topei. O projeto está em andamento, ainda meio sigiloso, não contem pra ninguém (risos). Claro que estou com medo, mas todo o conhecimento trazido pela graduação e pela pós-graduação foram fundamentais pra minha convicção de que eu posso, pois adquiri o conhecimento necessário pra colocar meu trabalho na rua”, comenta ela.

A docente Danylla Ibrahim, que também leciona disciplina de empreendedorismo nos cursos de Gestão da Faculdade Senac, conta que já teve a oportunidade de ver a vida de alunas serem completamente transformadas durante sua disciplina. “Se a aluna deseja trilhar essa jornada, o primeiro passo é fazer uma autoavaliação para reconhecer as suas características comportamentais que demonstrem o seu perfil empreendedor. Ela precisará, por exemplo, de resiliência, comunicação e capacidade de resolução de problemas complexos. Características essas tão associadas ao universo feminino. O segundo passo é planejar como será o negócio. Geralmente, esse planejamento é feito por meio do plano de negócios. Além disso, buscar aprender e desenvolver novas habilidades é fundamental durante todo o percurso”, analisa.

“Trilhar a jornada do empreendedorismo é também trilhar uma jornada de autoconhecimento”, diz Danylla. Ela acredita que a principal inspiração vem da compreensão de que empreender é despertar a capacidade de sonhar e de transformar sonhos em realidade. “Vai muito além de criar o próprio negócio. Quando uma mulher empreende, ela conecta o seu sonho pessoal a um propósito maior de servir ao outro, trazendo impacto e significado para a vida dela e de outras pessoas. O empreendedorismo é o caminho mais autêntico para viver experiências intensas de transformação de vida”.

Barreiras – O coordenador dos cursos superiores de Gestão da Faculdade Senac, Carlos Polonio, avalia que fomentar o empreendedorismo feminino é uma alternativa às desigualdades do mercado de trabalho. Ele explica que é importante que as mulheres possam aumentar a renda, gerar empregos e ter independência financeira, mas é preciso quebrar as profundas estruturas da cultura machista. “Afinal, a mulher apresenta, de modo geral, características fundamentais ao desenvolvimento dos empreendimentos: a habilidade de estabelecer e manter relacionamentos de valor, a capacidade de gerar resultados em multitarefas e a percepção aguçada do entorno – essa sensibilidade relacional. O empreendedorismo feminino é uma das chaves para a melhoria do ambiente de negócios”, ressalta.

Polonio, que também é professor de Gestão da Faculdade Senac, cita o exemplo de grandes empreendedoras, tanto em nível nacional, como a Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, quanto no âmbito local, citando a ex-aluna de Administração da Faculdade Senac, Fernanda Santos que, assim que se formou, abriu o Chica Café. Hoje ela está à frente de uma república para mulheres e de um espaço com lojas colaborativas como alternativa vantajosa para os empresários de pequenos negócios na área de moda. “Embora as empresárias protagonizem empreendimentos muito diferentes, possuem competências, habilidades e atitudes que as caracterizam como empreendedoras de sucesso”, aponta o coordenador.