Vivência em Itamaracá encerra 3ª Jornada do Patrimônio Alimentar
29 agosto, 2024Ontem (28), estudantes do curso de Gastronomia da Faculdade Senac tiveram a oportunidade de participar de uma experiência única e enriquecedora no encerramento da 3ª Jornada do Patrimônio Alimentar. O evento, realizado em parceria com a Fundarpe e a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), levou os alunos ao coração da cultura marisqueira do Litoral Norte, na Ilha de Itamaracá, para uma imersão nos saberes tradicionais do sistema alimentar da região.
A vivência, realizada na Vila Velha, um bairro histórico de Itamaracá, foi promovida pela Casa de Uaná, uma associação que reúne mulheres mestras cozinheiras, marisqueiras e doceiras locais. Durante a atividade, os estudantes puderam observar de perto a cadeia produtiva envolvida na extração de ostras e mariscos, que ocorre nas áreas de manguezal da ilha. Eles acompanharam ainda o preparo de receitas típicas como a mariscada, o manuê, o beiju de coco e a moqueca na palha de coqueiro, verdadeiros tesouros do repertório culinário pernambucano transmitidos de geração em geração.
Robson Lustosa, coordenador do curso de Gastronomia da Faculdade Senac, ressaltou a importância dessa vivência para a formação dos alunos: “Essa experiência proporcionada pela 3ª Jornada do Patrimônio Alimentar foi fundamental para que nossos alunos pudessem vivenciar, de forma prática, a riqueza dos saberes tradicionais da cultura marisqueira do Litoral Norte de Pernambuco. Além de aprofundar o conhecimento gastronômico, reforçamos a importância do diálogo entre tradição e inovação na formação dos futuros profissionais.”
Além da prática gastronômica, a jornada proporcionou momentos de reflexão sobre temas essenciais como o empoderamento feminino e a preservação ambiental. As discussões mostraram que o patrimônio alimentar vai muito além do simples ato de cozinhar: ele envolve uma complexa rede de conhecimentos que enriquece a gastronomia e a torna cada vez mais multidisciplinar.
A importância de preservar esse patrimônio foi um dos pontos centrais da vivência. Recentemente, um pedido de registro da mariscada como Patrimônio Imaterial foi enviado à Fundarpe, dando início a um processo de pesquisa e debates que se estenderão pelos próximos meses. Para Júlia Bernardes, antropóloga e assessora técnica da Gerência de Patrimônio Imaterial da Fundarpe, a atividade prática realizada em Itamaracá foi fundamental para lançar luz sobre a multidisciplinaridade da Jornada do Patrimônio Alimentar. “Vemos na prática como as áreas da antropologia, história, gastronomia, turismo e economia estão interligadas e devem ser levadas em conta”, destacou.
O almoço servido na vivência foi um verdadeiro banquete de sabores do mar, onde o marisco reinou absoluto. Moqueca seca de marisco, caldinho de marisco, mariscada, moqueca de marisco, beijú e salada foram alguns dos pratos que encheram a mesa. As sobremesas, como passas de caju, tarecos típicos da ilha e café moído na hora, completaram a experiência.
Para Dianne Sousa, assessora de Gastronomia da Secult-PE, o encerramento da Jornada em Itamaracá foi simbólico e representou um momento de conexão entre a teoria e a prática. “Este ano, recebemos o pedido de patrimonialização da mariscada, então nada mais justo que pensar num território tradicional. Essa relação, esse diálogo com o espaço e com as mestras já vem sendo construído e é muito bonito, simbólico”, afirmou.
A 3ª Jornada do Patrimônio Alimentar não só reforçou o compromisso da Faculdade Senac com a valorização dos saberes tradicionais, mas também mostrou que a gastronomia é um campo vasto e repleto de possibilidades, onde o respeito às origens é tão importante quanto a inovação.
*Com informações de https://www.cultura.pe.gov.br/